Ao dar à luz, Maria envolveu em faixas sua Criança e a colocou em uma manjedoura. A primeira cama do Pão da Vida é justamente o lugar do alimento da criação. Em seus primeiros momentos de vida humana, Jesus já anunciava a que veio: para ser o alimento que sacia, a Eucaristia celebrada. E o evangelista nos conta que Maria tudo ouvia, tudo guardava e tudo meditava em seu coração.
O exemplo que Maria nos deixa é o exemplo do que ouve, do que é capaz de silenciar a si mesmo para ouvir o que Deus lhe diz e pede. Somos capazes desse silêncio? Somos capazes de nos colocar em contato com o mais íntimo de nós e, lá, ouvir a voz de Deus?
A capacidade de ouvir é a base para a capacidade contemplativa, daquele que consegue ver em tudo e em todos a presença de Deus. Ouvir nos capacita para reconhecer a voz do que fala, voz que muitas vezes não sai pela boca, mas pelo olhar, pelas mãos estendidas, pelo cheiro... Ouvir remete à intimidade, à condescendência. Ouvir é a atitude do que se dá ao outro e que lhe afirma a importância.
Aprendamos com Maria a ouvir os sinais da humanidade que clama para que cada dia seja um Natal, cada dia seja renovada a esperança, cada dia seja recebido o acolhimento. Que meditemos em nossos corações os acontecimentos de nossas vidas, de nosso mundo, de nosso país e possamos descobrir um Deus que se faz novo todos os dias e que caminha conosco, reafirmando Sua promessa à Virgem de Nazaré: “O Espírito do Senhor virá sobre ti!” (Lc 1, 35). E possamos, com Maria responder: Eis aqui os servos do Senhor. Faça-se a Sua vontade!
- Gilda Carvalho
Reproduzido via Amai-vos, com grifos nossos. Tweet
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