sábado, 8 de dezembro de 2012

Como alcançarei essa felicidade? Um caminho para felicidade


2000 anos após o evento da Páscoa, nós somos sempre convidados a entrar no deserto e a caminhar, pois a nossa libertação ainda não está concluída. Não é por nada que a cada ano vivemos este tempo do Advento que nos prepara para celebrar o Natal, a festa por excelência de Cristo Ressuscitado que quer renascer ainda hoje, através de nós, a fim de nos libertar definitivamente.

A reflexão é de Raymond Gravel, padre da arquidiocese de Quebec, Canadá, publicada no sítio Réflexions de Raymond Gravel, comentando as leituras do 2o Domingo de Advento (9 de dezembro de 2012). A tradução é de Susana Rocca.

Eis o texto.

Referências bíblicas:
1a leitura: Br 5,1-9
2a leitura: Fl 1,4-6.8-11
Evangelho: Lc 3,1-6

Na semana passada começamos o Advento C com as palavras de Jesus, do final do evangelho de Lucas, sobre a sua vinda (Lc 21). Hoje, neste 2o Domingo de Advento, voltamos ao começo do evangelho de Lucas, onde o autor nos anuncia uma Boa Nova: “E todo homem verá a salvação de Deus” (Lc 3,6). Contudo, há uma condição: para ser acolhido, a salvação pede a conversão. Mas em que consiste essa conversão? Vamos vê-lo, na semana próxima, no 3o domingo de Advento. Mas, hoje, como vamos nos preparar a partir dos textos bíblicos que nos são propostos?

1. Ir ao deserto. Os evangelistas Marcos, Mateus e Lucas nos convidam a ir ao deserto para compreender a palavra do profeta João Batista, que anuncia a vinda de um novo mundo, através de Jesus de Nazaré, que conhecemos como Cristo e Senhor na Páscoa, porque os três evangelhos foram escritos após a Páscoa. Por outro lado, cada um o faz de forma diferente. Marcos diz simplesmente: “João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados” (Mc 1,4). Mateus diz somente: ”Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia. ‘Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo’” (Mt 3,1-2). Lucas, por sua vez, situa o personagem de João Batista na história mundial, pois é a história do mundo que está em jogo: “Fazia quinze anos que Tibério era imperador de Roma. Pôncio Pilatos era governador da Judeia; Herodes governava a Galileia; seu irmão Filipe, a Itureia e a Traconítide; e Lisânias, a Abilene. Anás e Caifás eram sumos sacerdotes. Foi nesse tempo que Deus enviou a sua palavra a João, filho de Zacarias, no deserto” (Lc 3,1-2).

O que quer dizer que, para Lucas, a palavra de Deus se exprime não através dos grandes deste mundo, sejam eles chefes políticos ou religiosos, nem pelo burburinho das grandes cidades, mas através de um desconhecido, um pobre profeta, no silêncio do deserto. Nomeando todos os dirigentes do mundo da sua época, Lucas quer nos dizer também que o chamado do Batista se dirige a todos, e não somente aos judeus. Ali temos um aceno para a universalidade da salvação oferecido pelo Cristo da Páscoa.

E se ele vai para o deserto, é para ouvir o profeta proclamar um batismo de conversão. É preciso entrar no deserto, esse lugar de silêncio e de nudez, para tomar consciência da necessidade de se converter, tomando um caminho novo: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas” (Lc 3,4). No fundo, para que haja encontro, precisamos assumir o risco da estada e caminhar...

2. Caminhar. Após o Exílio Babilônico, o profeta Isaias convidava o povo de Deus a tomar o caminho da libertação (Is 40,3-5). Num poema escrito em torno de 539 a.C, o profeta pedia que preparassem o caminho do Senhor no deserto; ele próprio encabeçaria a procissão a Jerusalém a todos os judeus exilados a Babilônia. Na primeira leitura de hoje, o profeta Baruc releu essa passagem de Isaias, três séculos mais tarde, a fim de anunciar novamente a libertação do Povo de Deus, porque ela não se cumpriu ainda, e como o povo começa a desesperar Baruc lembra com força da promessa de libertação que tinha sido anunciada pelo profeta Isaías, três séculos antes: “Levante-se, Jerusalém, tome posição em lugar alto, olhe para o nascente e contemple os seus filhos, reunidos do nascente e do poente pela voz do Santo, que invocam alegremente a Deus” (Br 5,5).

Quando os evangelistas releem, por sua vez, essa profecia de Isaias retomada por Baruc, eles constatam também que a promessa da libertação ainda não se cumpriu, e é por isso que eles convidam todos os homens e todas as mulheres, através do profeta João Batista, a caminhar no caminho que Jesus tomará, para conduzi-los a uma libertação definitiva. Caso contrário, como a liberdade não é sempre alcançada, mesmo antes da Páscoa, São Paulo, na sua Carta aos Filipenses, da qual hoje temos um trecho, diz: “Este é o meu pedido: que o amor de vocês cresça cada vez mais em perspicácia e sensibilidade em todas as coisas. Desse modo, poderão distinguir o que é melhor, e assim chegar íntegros e inocentes ao dia de Cristo” (Fil 1,9-10).

Mas e hoje? Será que devemos continuar esperando?

3. Esperar. 2000 anos após o evento da Páscoa, nós somos sempre convidados a entrar no deserto e a caminhar, pois a nossa libertação ainda não está concluída. Não é por nada que a cada ano vivemos este tempo do Advento que nos prepara para celebrar o Natal, a festa por excelência de Cristo Ressuscitado que quer renascer ainda hoje, através de nós, a fim de nos libertar definitivamente. Não é na tristeza e no medo que nós devemos andar; o profeta Baruc nos repete hoje: “Jerusalém, tire a roupa de luto e de aflição e vista para sempre o esplendor da glória que vem de Deus” (Br 5,1). É também na alegria e na esperança que nós devemos caminhar: “porque Deus, com sua justiça e sua misericórdia, conduzirá festivamente Israel à luz da sua glória” (Br 5,9). Meu Deus! Como estamos ainda longe disso...

Contudo, como Deus precisa de nós para expressar a sua misericórdia e a sua justiça, cada vez que causamos situações de violência, de injustiças e de iniquidade na sociedade e na Igreja, todas as vezes em que despojamos as mulheres e os homens da sua dignidade e do seu direito de viver a sua diferença, e quando condenamos à exclusão aos marginais, aos pequenos e aos feridos da vida, impedimos que Deus seja Deus, nós retardamos a nossa libertação e impedimos que Cristo nasça hoje. É o que fazia que Gandhi, esse mestre da paz, falasse: “Lendo a história do mundo, me parece que o cristianismo tem ainda bastante para fazer. Com efeito, mesmo se nós cantamos: Glória a Deus no céu e paz na terra, hoje não há nem glória de Deus nem paz sob a terra. Contanto que reste fome ainda insatisfeita, e que não tenhamos erradicado a violência da nossa civilização, Cristo ainda não nasceu”.

Fonte UNISINOS

Abrir novos caminhos


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 3, 1-6 que corresponde ao 2º Domingo do Tempo de Advento, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Os primeiros cristãos viram na atuação do Batista o profeta que preparou decisivamente o caminho a Jesus. Por isso, ao longo dos séculos, Batista converteu-se num chamado que continua a urgir para preparar caminhos que nos permitam acolher a Jesus entre nós.

Lucas resumiu sua mensagem com este grito tomado do profeta Isaías: "Preparai o caminho do Senhor". Como escutar esse grito na Igreja de hoje? Como abrir caminhos para que os homens e mulheres do nosso tempo possam encontrar-se com Ele? Como acolhê-lo nas nossas comunidades?

O primeiro passo é tomar consciência que necessitamos de um contato muito mais vivo com a sua pessoa. Não é possível alimentar-se só de doutrina religiosa. Não é possível seguir a um Jesus convertido numa sublime abstração. Necessitamos nos sintonizar vitalmente com Ele, deixar-nos atrair pelo Seu estilo de vida, contagiar-nos pela Sua paixão por Deus e pelo ser humano.

No meio do “deserto espiritual” da sociedade moderna, temos de entender e configurar a comunidade cristã como um lugar onde se acolhe o Evangelho de Jesus. Viver a experiência de reunirmos crentes, menos crentes, pouco crentes e até não crentes, em torno do relato evangélico de Jesus. Dar a Ele a oportunidade de que penetre com a sua força humanizadora nos nossos problemas, crises, medos e esperanças.

Não podemos esquecer. Nos evangelhos não aprendemos doutrina acadêmica sobre Jesus, destinada inevitavelmente a envelhecer ao longo dos séculos. Aprendemos um estilo de viver realizável em todos os tempos e em todas as culturas: o estilo de viver de Jesus. A doutrina não toca o coração, não converte nem apaixona. Jesus sim.

A experiência direta e imediata com o relato evangélico não nos faz nascer a uma fé nova, não por via de "doutrinamento" ou de "aprendizagem teórica", mas pelo contato vital com Jesus. Ele ensina a viver a fé não por obrigação, mas por atração. Faz-nos viver a vida cristã não como dever, mas como contágio. Em contato com o evangelho recuperamos a nossa verdadeira identidade de seguidores de Jesus.

Recorrendo aos evangelhos experimentamos que a presença invisível e silenciosa do Ressuscitado adquire rasgos humanos e ganha voz concreta. Rapidamente tudo muda: podemos viver acompanhados por alguém que dá sentido, verdade e esperança na nossa existência. O segredo da “nova evangelização” consiste em colocar-se em contato direto e imediato com Jesus. Sem Ele não é possível gerar uma fé nova.

Fonte UNISINOS

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

JUVENTUDE CATÓLICA EM TEMPO DE AIDS


No final dos anos 80, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o 1º de dezembro como Dia Mundial de Combate a Aids. Em diversos países, ocorrem várias atividades alusivas como: campanhas de prevenção, testagens para o HIV, debates a cerca da qualidade de vida de pessoas soropositivas, etc. Em 2012, o Ministério da Saúde investe na testagem para o HIV, sífilis e hepatites B e C, enquanto o movimento social denuncia o enfraquecimento da política de enfrentamento da epidemia de aids no Brasil.




Quando falamos do HIV, não estamos tratando somente de um vírus biológico, mas também social. Mais do que atacar as células de defesa, ele também contribui para a violência contra populações vulneráveis, na reprodução de olhares e práticas discriminatórias. Há discursos estigmatizantes, que também aumentam ainda mais o preconceito contra a juventude.




Na contramão das especulações e de notícias tendenciadas por algumas mídias, estão dados importantes que apontam os(as) jovens como as principais vítimas desta realidade. O fato é que a não efetivação das políticas públicas existentes e a ausência de específicas para/com a juventude, dificultam o seu desenvolvimento integral.




No serviço de saúde, a situação se agrava em muitas unidades/postos, que além de não acolher de forma humanizada, não oferecem nem o básico, o que acaba distanciando ainda mais a população juvenil, principalmente do sexo masculino. O acesso à prevenção de DST e à gravidez na adolescência e ao planejamento familiar, nem sempre são encontrados nestes espaços.




Ainda que a promoção da saúde seja um dos temas transversais nos Parâmetros Nacionais Curriculares (PNCs), nem sempre são garantidos. Em muitas unidades de ensino não existe o Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE)[1], ou apresenta dificuldades na realização, sendo resumidos na disciplina de biologia ou apresentados de forma tendenciosa.. Além disso, há uma “invisibilidade” da aids no ambiente escolar e uma violência “velada” em decorrência dela.




Neste cenário também está presente desde 1999, a Pastoral da Aids. Este serviço “atua especificamente no campo das DST/HIV/Aids, procurando dar conta das questões que surgem nesta área e que colocam em relação a Igreja e epidemia que atinge o país em todas as suas regiões, desconhecendo limites de idade, sexo, condição social ou religiosa”[2].




Na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37), somos convidados(as) a fazer duas reflexões: “de um lado, há uma proposta de leitura muito comum e aceita por todos que é procurar seguir a sugestão de Jesus no final do relato: ‘vá e faça a mesma coisa’... Ou, seja, Jesus convida a assumir o lugar do caído, pois só pode tornar-se próximo de alguém aquele que precisa .Somente quem experimenta na pele a dor do abandono, da marginalização pode deixar que se aproxime alguém que está fora do sistema , dos padrões estabelecidos. É preciso saber-se caído, pobre, para entender em sintonia com quem está a margem do caminho”[3].




Os bispos da América Latina e do Caribe, orientam: “consideramos de grande prioridade fomentar uma pastoral com pessoas que vivem com HIV/aids, em seu amplo contexto e em seus significados pastorais: que promova o acompanhamento integral, misericordioso e a defesa dos direitos das pessoas infectadas; que implemente a informação, promova a educação e a prevenção, com critérios éticos, principalmente entre as novas gerações, para que desperte a consciência de todos para o controle desta pandemia”[4].




Mas, onde está o meu grupo de jovens no meio de tudo isso? Como estamos trabalhando a prevenção e a acolhida de jovens vivendo com HIV? Afinal, "os grupos de jovens são um instrumento pedagógico de educação na fé. O pequeno grupo, como instrumento de evangelização, foi um dos instrumentos pedagógicos usados por Jesus ao convocar e formar seu grupo de doze apóstolos"[5].




O trabalho de base, além de promover a integração, possibilita também a “educação entre pares”, ou seja, jovem educando/evangelizando jovem. Porém, é preciso garantir um espaço mais de escuta e buscar, na medida do possível, utilizar as informações e experiências que trazem, para reforçar ou ajustar algum entendimento. Um espaço com verdades prontas, afirmações fechadas, tendem a inibir a participação destes(as) não só no grupo, mas no seu protagonismo juvenil.




O acesso a informação é muito importante para “que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8). A escolha dos materiais que serão utilizados (vídeos, textos, músicas...), assim como das pessoas quem vão ajudar, precisa ser feita com atenção. Procure saber a fonte dos subsídios e o envolvimento do facilitador(a)/assessor(a) acerca do assunto. Ficar atento(a) para não constranger, machucar... mas em acolher, informar, cuidar.




Já dizia a frase de uma campanha: “viver com aids é possível, com o preconceito não”. Por mais que haja populações vulneráveis, não é o contato com grupos específicos que determina a infecção ao HIV, mas comportamentos de risco. E antes de segregar alguém, é preciso não esquecer que “Deus não faz acepção de pessoas” (Rm 2,11).




É muito importante que os(as) jovens católicos(as) participarem no enfrentamento da juvenização da aids, na desconstrução de mitos relacionados à prevenção e à vhivência. É promover a solidariedade, “para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10).

___________________________




[1] O Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) tem como objetivo reduzir a vulnerabilidade de adolescentes e jovens às doenças sexualmente transmissíveis (DST), À infecção pelo HIV, à aids e a gravidez não planejada, por meio de ações no âmbito das escolas e unidades de saúde.

[2] Guia do Agente de Pastoral da Aids – Porto Alegre, RS: Pastoral DST/Aids – CNBB, 2005. p. 20.

[3] Idem. p. 62.

[4] Documento de Aparecida, n. 421. Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (CELAM - 2007).

[5] Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais, n. 151 - CNBB, 2007/Doc. 85

Autor: Eduardo da Amazônia (Texto enviado para o blog do Diversidade Católica)


Imagem Marcel van Gunst utilizada com permissão.



terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Vigiai! – 1º Domingo do Advento




Chegamos a dezembro e já perdi as contas de quantas pessoas eu vi manifestando o desejo de que 2012 acabe e chegue logo 2013. É engraçado esse movimento repetido a cada ano, embora muitas vezes nos esqueçamos disso. Anos difíceis sempre os teremos porque os dias nos trazem surpresas nem sempre boas. O que fazer, então, diante desse sentimento de alívio, como se a virada do ano fosse realizar a mágica de todos os males se afastarem de nós?

Leio, então, o evangelho deste 1º Domingo do Advento, narrado por Lucas:
25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 26Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 27Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 28Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. 34Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. 35Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. 36Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem. - Palavra da salvação. (Lc 21, 25-28.34-36)

Creio que se olharmos para os meses que se passaram, saberemos encontrar todos os assustadores sinais de que nos fala o evangelista por meio de uma forma figurada. Pergunto então: conseguiríamos também encontrar sinais da presença do Filho do Homem entre nós durante esse mesmo período? Velamos o suficiente sobre nós mesmos?

Jesus nunca nos prometeu tranquilidade, mas nos é fiel sempre. Pede, portanto, que vigiemos e oremos, ou, em outras palavras, que nos mantenhamos atentos e em constante discernimento sobre os acontecimentos diários para que neles encontremos os milagres que nos chamam à Vida verdadeira.

Estamos nos aproximando de Belém, para receber o Menino que o Natal nos trará novamente. A cidade pequena, perdida no meio do nada, berço do maior acontecimento que a humanidade já viu, nos convida a olhar a vida com olhos vigilantes e orantes, prontos para fazer acontecer o renascimento através daquilo que é simples e pequeno.




Autor: Gilda Carvalho

Fonte: amaivos

A espera de Maria




Ninguém esperou mais pelo Menino que Sua mãe. Durante nove meses, Maria carregou dentro de si o Salvador e viveu o mistério da maternidade: gerou vida dentro de si, ao mesmo tempo em que gestava a Vida. A gravidez de Maria foi o advento plenamente vivido, e podemos, hoje, vivê-lo em companhia da Mãe de Deus.

Advento, tempo de conversão. Mas, como falar em conversão naquela que é toda pura e cheia de graça? Em Maria não havia pecado. Foi concebida imaculada para que seu ventre pudesse abrigar aquele que trazia em si todo o Bem e todo Amor.

A conversão não está, pois, só no pedido de perdão dos pecados. Se a entendermos assim, não poderemos jamais aplicá-la à Maria. A conversão está, também, no sentido de busca do entendimento contínuo da vontade de Deus.

Na Anunciação, fica claro que Maria não entendia como a vontade de seu Senhor se concretizaria: questiona o anjo, tenta entender o que aos olhos humanos era incompreensível – como gerar vida, se ela não conhecia homem, se era virgem? E o anjo lhe explica como, soprando sobre Ela o Espírito de Deus que a cobriria de entendimento e adoração, reverenciando desde já a Vida que nascia dentro de si.

O acompanhar dos episódios que se seguirão a partir daquele momento de Nazaré é revelador desse desejo de Maria. Ela irá meditar em seu coração sobre os acontecimentos que marcarão o nascimento do Menino. Irá acompanhá-Lo em sua caminhada terrena, ajudando-o a crescer em estatura, conhecimento e graça. E, espantada e sofrida, o assistirá morrer na cruz, tentando entender a vontade do mundo que matava aquele só havia lhe dado amor. E entender um Deus que silenciava para depois explodir em glória com o Ressuscitado.

Observar Maria ao longo da vida de Jesus Cristo nos fará entender como fazer para entendermos a história de um Deus que caminha com a humanidade. O Criador conhece pelo nome cada uma de suas criaturas. Mas, às criaturas não é dado todo o conhecimento de seu Criador. Por isso, a necessidade de saber enxergá-Lo na escuridão, escutá-Lo na turbulência e senti-Lo quando parece estar longe. E este é também um caminho de conversão: aquele que nos conduzirá ao encontro do Senhor, através do sair de nós mesmos para o encontro com aquele que só pode ser visto através do amor e serviço ao outro. Tal como a Virgem de Nazaré o fez.


Para sua oração: Lc 1, 26-37. 2, 1-7



Autor: Gilda Carvalho

Fonte: amaivos

Imagem: Andrea del Sarto- Anunciação (1528) Galleria Palatina (Palazzo Pitti), Florença.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...