sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Advento dos pais de Jesus


Ninguém esperou mais pelo Menino que seus pais. Durante nove meses, Maria carregou dentro de si o Salvador e viveu o mistério da maternidade: gerou vida dentro de si, ao mesmo tempo em que gestava a Vida. Ao seu lado, o companheiro José, que com Ela partilhava o mistério que o Senhor havia lhes depositado nas mãos. O que esperar? O que seria necessário fazer? O que deveriam viver, além da entrega nas mãos do Pai?

Na Anunciação, fica claro que Maria não entendia como a vontade de seu Senhor se concretizaria: questiona o anjo, tenta entender o que aos olhos humanos era incompreensível – como gerar vida, se ela não conhecia homem, se era virgem? E o anjo lhe explica como, soprando sobre Ela o Espírito de Deus que a cobriria de entendimento e adoração, reverenciando desde já a Vida que nascia dentro de si.

Por outro lado, José, o carpinteiro, tal como o seu povo esperava pelo Messias. Esperava com o coração em constante expectativa por se saber da linhagem do rei Davi e, como havia anunciado o profeta, era daquela casa real que sairia o novo rei dos judeus. E esperava por seu casamento com sua amada Maria. Até que chega o inesperado... José percebe que sua noiva está grávida. Não consegue repudiá-la, mas também é difícil aceitá-la. Então o homem dos sonhos, recebe em seu sono a visita do anjo que lhe acalma o coração apertado: “Não tenha medo, ela concebeu pela ação do Espírito.” (Mt 1, 20). E a espera se transforma na alegria da guarda do grande segredo: o Salvador estava próximo.

O acompanhar dos episódios que se seguirão a partir daqueles momentos de Nazaré é revelador. Maria irá meditar em seu coração sobre os acontecimentos que marcarão o nascimento do Menino. José irá cuidar dela durante sua espera. E, os dois, irão acompanhar o Menino em sua caminhada terrena, ajudando-o a crescer em estatura, conhecimento e graça.

Observar Maria ao longo da vida de Jesus Cristo nos fará entender como fazer para entendermos a história de um Deus que caminha com a humanidade. O Criador conhece pelo nome cada uma de suas criaturas. Mas, às criaturas não é dado todo o conhecimento de seu Criador. Por isso, a necessidade de saber enxergá-Lo na escuridão, escutá-Lo na turbulência e senti-Lo quando parece estar longe. E este é também um caminho de conversão: aquele que nos conduzirá ao encontro do Senhor, através do sair de nós mesmos para o encontro com aquele que só pode ser visto através do amor e serviço ao outro. Tal como a Virgem de Nazaré o fez.

Observar José neste tempo de Advento é resgatar a esperança sentida por aquele judeu simples, fiel a seu Deus, e que acreditou no inacreditável que acontecia em sua vida, deve ser exemplo para as nossas vidas que também são, por vezes, atropeladas pelo inaceitável, pelo incrível, pela graça de Deus.

Nesses tempos em que nos parece mais fácil a desesperança, o exemplo da família de Nazaré, guardiões da Esperança, deve ser presença consoladora para nossos corações e ações, impulsionando-nos a seguir em frente e a fazer o Menino nascer novamente para a humanidade.

- Gilda Carvalho
Reproduzido via Amai-vos

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