Desde o final do ano passado, todos os domingos à tarde publicamos algumas perguntas da seção "Perguntas frequentes" do site do Diversidade Católica. Você pode acessar a série completa no próprio site do DC, ou na tag "perguntas frequentes". :-)
"A homossexualidade é uma doença? Ela tem cura?"
Durante muito tempo, a homossexualidade não existiu. Explica-se: homens e mulheres tinham relações com pessoas do mesmo sexo, mas não eram classificadas como homossexuais. Os atos homossexuais poderiam ser considerados, no máximo, atos pecaminosos, mas isto não era entendido como uma orientação, um estado permanente da pessoa.
Foi no século XIX que surgiu a palavra homossexualidade. Um médico cunhou o termo para defender a existência de indivíduos cuja orientação sexual se dava por pessoas do mesmo sexo de maneira permanente. Logo esta primeira intenção positiva de cunhar um termo que correspondesse às vivências e desejos de uma parcela da população passou a ser utilizada de maneira depreciativa. Homossexualismo tornou-se um diagnóstico que apontava o portador de um desvio, uma doença.
Inúmeras foram as tentativas de descobrir a causa da “doença do homossexualismo”. Várias pesquisas a respeito da composição, das dimensões dos órgãos dos homossexuais procuravam entender o que provocaria tal distúrbio. Vários tratamentos foram sugeridos.
Chegou-se a transplantar testículos de animais machos para “fabricar” hormônio masculino, já que, na época, o homossexual era visto quase que exclusivamente como efeminado. Além da área médica, muita literatura criminalística afirmava que os homossexuais tinham uma tendência maior para a malandragem, para o crime.
Esta visão tétrica só começou a ser transformada quando, por meio do movimento gay, os próprios homossexuais passaram a falar sobre si mesmos, a produzir um discurso sobre si.
Não mais somente a medicina ou a polícia tinham algo a dizer sobre os gays, mas também estes tinham uma voz e com isso, foi aumentando o diálogo na sociedade a respeito desta questão e se desfazendo muitos preconceitos existentes.
Também a ciência avançou na questão. Até bem pouco tempo, a Psicologia considerava a homossexualidade um distúrbio. Na década de 1990, houve a recomendação expressa para que fosse retirada a homossexualidade da lista de doenças. As ciências a consideram uma orientação sexual minoritária, tão normal quanto a orientação heterossexual.
Há ainda muitos setores da sociedade que não aceitam a “normalidade” da orientação homossexual. É compreensível que isto aconteça visto as mudanças tanto na medicina quanto as trazidas pelo diálogo do movimento gay com a sociedade serem muito recentes.
Isto não quer dizer, no entanto, que não tenhamos que nos mobilizar para esclarecer a questão mesmo onde há mais resistência. Assim faz o grupo Diversidade Católica em relação aos setores mais conservadores da Igreja.
Há de se prestar bastante atenção em pesquisas científicas que procuram a causa da homossexualidade. Muitas vezes, esta procura ainda supõe, de alguma forma, a homossexualidade como uma espécie de anomalia, de situação não natural. Pode haver ainda preconceito motivando tais pesquisas. Por que não procurar também a causa da heterossexualidade?
Desde que os conselhos de Psicologia retiraram a homossexualidade da lista de distúrbios psicológicos, é proibida qualquer iniciativa de reversão da homossexualidade, qualquer tipo de “tratamento psicológico”. Não há o que tratar.
Uma pessoa gay pode até controlar seu desejo, ser celibatária, se assim desejar, mas não pode deixar de ser homossexual, de possuir esta tendência, esta orientação. Infelizmente ainda há psicólogos envolvidos em iniciativas como estas, geralmente promovidas por grupos religiosos protestantes neopentecostais e até católicos. Um documento da Igreja Católica americana desaconselha terminantemente tais “tratamentos”. Os profissionais envolvidos estão sujeitos a processo nos seus respectivos conselhos regionais de psicologia.
Por fim, para sermos atentos também com as palavras, o correto é “homossexualidade” e nunca “homossexualismo”, já que o sufixo “ismo” designa um estado doentio.
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