A Bíblia não diz nada sobre a "homossexualidade" como uma dimensão inata da personalidade. Orientação sexual não é um conceito dos tempos bíblicos. Há referências na Bíblia a comportamentos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, e todas são inegavelmente negativas. Mas, essas passagens, na realidade, condenam a violência, a idolatria e a exploração que podem estar ligadas a esses comportamentos e não o fato de a relação ser entre pessoas do mesmo sexo. Há referências na Bíblia a comportamentos sexuais entre pessoas de sexo diferente condenadas pelas mesmas razões.
Não há palavra no hebraico, aramaico ou grego para "homossexual" ou "homossexualidade". Essas palavras foram criadas no final do século XIX, quando psicanalistas começaram a descobrir que a sexualidade é uma parte essencial da personalidade em toda a sua diversidade. Consequentemente, não pode ser dito que a Bíblia diz algo sobre ela. Os escritores da Bíblia não tinham essa compreensão, nem a linguagem para isso.
Há uma única referência ao sexo entre mulheres, Romanos 1, 26. O contexto dessa refência é a idolatria. E o comportamento sexual descrito é uma orgia, não um casamento. O que é condenada é a idolatria.
A sexualidade é um presente maravilhoso de Deus. É mais do que um comportamento genital. É a maneira como nos expressamos no mundo. Não podemos amar uma pessoa intimamente sem usar nossos corpos. E isso envolve o comportamento genital. O amor sexual com o propósito de receber e dar prazer ao nosso parceiro mais íntimo. É uma maneira de aprofundar e fortalecer a relação. Isso só pode ser saudável e bom se nosso comportamento for coerente com quem nós somos e a quem amamos, e quando somos verdadeiros em relação à nossa orientação sexual.
Com relação ao casamento, é importante lembrar que a Bíblia foi escrita em uma cultura patriarcal onde as mulheres estavam submetidas aos homens que as controlavam. O casamento não era uma parceria entre iguais, mas uma forma de o homem tomar a mulher como sua propriedade. As mulheres proporcionavam companhia, filhos e o seu trabalho. Certamente, o amor entre um homem e uma mulher poderia acontecer, mas o amor não era a base do casamento. Consequentemente, o conceito bíblico de casamento não é apropriado hodiernamente.Não aceitamos mais que as mulheres são inferiores aos homens, nem que o casamento é uma transferência de propriedade. O conceito de casamento evoluiu ao longo da história. Hoje, o compreendemos como uma relação voluntária baseada no amor, respeito, dedicação e reciprocidade. O que realmente importa é a qualidade do relacionamento e não o gênero das pessoas envolvidas. O casamento não é criado por uma cerimônia religiosa ou uma união civil. Ele é criado por pessoas que assumem um compromisso entre si. Independente de ocorrer uma cerimônia religiosa ou união civil, o casamento que duas pessoas fazem de forma privada também é válido e honroso. O casamento não deve ser entendido como um pré-requisito. As relações não precisam necessariamente constituir casamentos. O casamento é um compromisso para a vida inteira, que nem todas as pessoas estão dispostas ou deveriam fazer. Estar solteiro e em uma relação também é uma escolha digna.
Gays, lésbicas, bissexuais [e transgêneros] fazem parte da Criação, foram criados para ser exatamente da maneira que são, e são completamente amados e queridos por Deus, que não deseja que as pessoas vivam solitárias sem companhia. Deus espera que tenhamos relações amorosas que incluem o sexo. A Bíblia não diz isso, naturalmente. Todavia, não o nega. Isso é uma verdade baseada na ênfase que a Bíblia dá à bondade da Criação de Deus e ao valor supremo do amor e também na compreensão maior da natureza humana disponível atualmente. Deus não tinha a intenção de que vivêssemos aprisionados ao mundo da cultura da época em que a Bíblia foi escrita, mas no mundo que está em constante evolução com as contribuições da ciência, razão e experiência.
Indicações bibliográficas:
• Blessed Bi Spirit: Bisexual People of Faith, edited by Debra R. Kolodny (Continuum, 2000);
• Freedom, Glorious Freedom: The Spiritual Journey to the Fullness of Life for Gays, Lesbians, and Everybody Else, by John J. McNeill (Beacon Press, 1995);
• The Good Book: Reading the Bible with Mind and Heart, by Peter J. Gomes (William Morrow and Company Inc., 1996);
• Is The Homosexual My Neighbor?: Another Christian View (Revised) by Letha Scanzoni and Virginia Ramey Mollenkott (Harper & Row Publishers, 1996);
• The New Testament and Homosexuality: Contextual Background and Contemporary Debate by Robin Scroggs (Fortress Press, 1983);
• Our Passion for Justice: Images of Power, Sexuality, and Liberation by Carter Heyward (The Pilgrim Press, 1984);
• Recognizing Ourselves: Ceremonies of Lesbian and Gay Commitment by Ellen Lewin (Columbia University Press, 1998);
• Stranger At The Gate: To Be Gay and Christian in America by Mel White (Plume, 1994);
• Twice Blessed: On Being Lesbian, gay and Jewish edited by Christie Balka and Andy Rose, (Beacon Press, 1989); e
• What the Bible Really Says About Homosexuality by Daniel A. Helminiak, Ph.D. (Alamo Square Press, 1994).[Publicado no Brasil: O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade (Edições GLS. 1998).]
Jimmy Creech, pastor metodista
Human Rights Campaign
Tradução e adaptação: Hugo Nogueira
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Há uma única referência ao sexo entre mulheres, Romanos 1, 26. O contexto dessa refência é a idolatria. E o comportamento sexual descrito é uma orgia, não um casamento. O que é condenada é a idolatria.
A sexualidade é um presente maravilhoso de Deus. É mais do que um comportamento genital. É a maneira como nos expressamos no mundo. Não podemos amar uma pessoa intimamente sem usar nossos corpos. E isso envolve o comportamento genital. O amor sexual com o propósito de receber e dar prazer ao nosso parceiro mais íntimo. É uma maneira de aprofundar e fortalecer a relação. Isso só pode ser saudável e bom se nosso comportamento for coerente com quem nós somos e a quem amamos, e quando somos verdadeiros em relação à nossa orientação sexual.
Com relação ao casamento, é importante lembrar que a Bíblia foi escrita em uma cultura patriarcal onde as mulheres estavam submetidas aos homens que as controlavam. O casamento não era uma parceria entre iguais, mas uma forma de o homem tomar a mulher como sua propriedade. As mulheres proporcionavam companhia, filhos e o seu trabalho. Certamente, o amor entre um homem e uma mulher poderia acontecer, mas o amor não era a base do casamento. Consequentemente, o conceito bíblico de casamento não é apropriado hodiernamente.Não aceitamos mais que as mulheres são inferiores aos homens, nem que o casamento é uma transferência de propriedade. O conceito de casamento evoluiu ao longo da história. Hoje, o compreendemos como uma relação voluntária baseada no amor, respeito, dedicação e reciprocidade. O que realmente importa é a qualidade do relacionamento e não o gênero das pessoas envolvidas. O casamento não é criado por uma cerimônia religiosa ou uma união civil. Ele é criado por pessoas que assumem um compromisso entre si. Independente de ocorrer uma cerimônia religiosa ou união civil, o casamento que duas pessoas fazem de forma privada também é válido e honroso. O casamento não deve ser entendido como um pré-requisito. As relações não precisam necessariamente constituir casamentos. O casamento é um compromisso para a vida inteira, que nem todas as pessoas estão dispostas ou deveriam fazer. Estar solteiro e em uma relação também é uma escolha digna.
Gays, lésbicas, bissexuais [e transgêneros] fazem parte da Criação, foram criados para ser exatamente da maneira que são, e são completamente amados e queridos por Deus, que não deseja que as pessoas vivam solitárias sem companhia. Deus espera que tenhamos relações amorosas que incluem o sexo. A Bíblia não diz isso, naturalmente. Todavia, não o nega. Isso é uma verdade baseada na ênfase que a Bíblia dá à bondade da Criação de Deus e ao valor supremo do amor e também na compreensão maior da natureza humana disponível atualmente. Deus não tinha a intenção de que vivêssemos aprisionados ao mundo da cultura da época em que a Bíblia foi escrita, mas no mundo que está em constante evolução com as contribuições da ciência, razão e experiência.
Indicações bibliográficas:
• Blessed Bi Spirit: Bisexual People of Faith, edited by Debra R. Kolodny (Continuum, 2000);
• Freedom, Glorious Freedom: The Spiritual Journey to the Fullness of Life for Gays, Lesbians, and Everybody Else, by John J. McNeill (Beacon Press, 1995);
• The Good Book: Reading the Bible with Mind and Heart, by Peter J. Gomes (William Morrow and Company Inc., 1996);
• Is The Homosexual My Neighbor?: Another Christian View (Revised) by Letha Scanzoni and Virginia Ramey Mollenkott (Harper & Row Publishers, 1996);
• The New Testament and Homosexuality: Contextual Background and Contemporary Debate by Robin Scroggs (Fortress Press, 1983);
• Our Passion for Justice: Images of Power, Sexuality, and Liberation by Carter Heyward (The Pilgrim Press, 1984);
• Recognizing Ourselves: Ceremonies of Lesbian and Gay Commitment by Ellen Lewin (Columbia University Press, 1998);
• Stranger At The Gate: To Be Gay and Christian in America by Mel White (Plume, 1994);
• Twice Blessed: On Being Lesbian, gay and Jewish edited by Christie Balka and Andy Rose, (Beacon Press, 1989); e
• What the Bible Really Says About Homosexuality by Daniel A. Helminiak, Ph.D. (Alamo Square Press, 1994).[Publicado no Brasil: O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade (Edições GLS. 1998).]
Jimmy Creech, pastor metodista
Human Rights Campaign
Tradução e adaptação: Hugo Nogueira
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