sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"Como Igrejas, não podemos nos calar"



Bela nota emitida pelo CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil, em favor dos 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher (saiba mais aqui).

Como apontou nosso amigo Murilo Araújo, o texto "discute violência de gênero e apoia expressamente a aprovação do projeto de criminalização da homofobia... Aos que ainda tentam compreender como eu associo a minha religião com a minha sexualidade, é mais ou menos assim: sendo membro atuante que, ao contrário de muitos, constrói uma luta contra os fundamentalismos; sendo um católico que constrói uma Igreja que tenha essa coragem, a coragem do Evangelho, para transformar a sociedade mesmo quando isso signifique abrir mãos das suas estruturas e doutrinas caducas e transformar-se também.

É nessa Igreja que acredito, e essa nota enche o meu coração de esperança!"

Segue a nota, na íntegra, abaixo.

O QUE DEUS EXIGE DE NÓS? (Mq 6.6-8)

Desde o dia 25 de novembro se realizam os 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Organizações de mulheres, de direitos humanos, universidades e comunidades religiosas promovem debates, reflexões e outros tipos de ações com o objetivo de chamar atenção para os diferentes tipos de violência contra mulheres.

Como Igrejas não podemos nos calar! Segundo um estudo realizado entre 2001 e 2010, foram assassinadas 40 mil mulheres em nosso país. No ano de 2010, a média de assassinatos foi de 4,5 para cada 100 mil mulheres. Para o ano de 2013, a projeção é que 4.717 mulheres serão assassinadas. Mais do que números, estes índices revelam uma violência fundamentada em uma cultura que há muito naturalizou a violência contra a mulher.

Enquanto Igrejas, cabe-nos refletir sobre nossa tarefa diante desta realidade. A pergunta do profeta Miqueias “O que Deus exige de nós?” nos provoca a identificarmos as ações concretas com vistas a contribuirmos para a transformação das relações humanas violentas.

No contexto dos 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher, vale igualmente chamar a atenção para outra violência de gênero, que são as agressões sofridas pela população LGBT. Dados revelam que apenas no ano de 2012 foram cometidos 338 assassinatos por motivação homofóbica ou transfóbica.

A violência contra mulheres e LGBTs é uma realidade que expõe uma face nada simpática de nosso país, conhecido como a terra da tolerância. É necessário falar abertamente sobre nossas limitações em conviver com o diferente.

A Lei Maria da Penha é uma forma concreta de minimizar os impactos da violência contra a mulher. Agora, urge uma Lei que contribua para minimizar as consequências do preconceito homofóbico e transfóbico. A aprovação do PLC 122/06 pode significar um passo concreto nesta direção.

A violência é contrária ao Evangelho, portanto, todo o discurso, inclusive religioso, que legitima ou justifica estas formas de violência está em contradição com a Boa Nova. O que Deus exige de nós, cristãos e cristãs diante destes dados de violência? É a pergunta sobre a qual queremos refletir nestes 16 Dias de Ativismo.

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil

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