domingo, 5 de janeiro de 2014
"O Evangelho se anuncia com doçura e amor, não com porretadas inquisitoriais"
Da homilia do Papa Francisco diante dos jesuítas reunidos na "Chiesa del Gesù" (igreja localizada no centro de Roma e onde está enterrado o corpo de Sto. Inácio de Loyola) em 03-01-2014, para a missa no dia da celebração litúrgica do Santíssimo Nome de Jesus. A celebração teve um caráter de ação de graças pela inscrição no catálogo dos Santos, no dia 17 de dezembro de 2013, de Pedro Fabro, primeiro sacerdote jesuita:
"O coração de Cristo - prosseguiu - é o coração de um Deus que, por amor, se 'esvaziou'. Cada um de nós (...) que segue a Cristo deveria estar disposto a se esvaziar de si mesmo. Somos chamados a este abaixamento: ser os "esvaziados". Ser homens que não devem viver centrados em si mesmos porque o centro (...) é Cristo e a sua Igreja. E Deus é o 'Deus semper maior', o Deus que sempre nos surpreende. E se o Deus das surpresas não está no centro, a Companhia se desorienta. Por isto, ser jesuíta significa ser uma pessoa do pensamento inciompleto, do pensamento aberto: porque pensa sempre olhando o horizonte que é a glória de Deus sempre maior, que nos surpreende sem descanso. E esta é a inquietude da nossa vida. A santa e bela inquietude! (...)
Mas, porque pecadores, sempre nos perguntamos se o nosso coração conservou a inquietação da busca ou se, ao contrário, se atrofiou; se o nosso coração está sempre em tensão: um coração que não descansa, não se fecha em si mesmo, mas que bate ao ritmo de um caminho a ser feito junto com todo o povo fiel de Deus. É preciso busca Deus para encontrá-lo, e encontrá-lo buscando agora e sempre. Somente esta inquietude dá paz ao coração (...), uma inquietude também apostólica, não nos deve cansar de anunciar o kerygma, de evangelizar com coragem. É a inquietude que nos prepara para receber o dom da fecundidade apostólica. Sem inquietude seremos estéreis.
Uma fé autêntica implica sempre um profundo desejo de mudar o mundo. Eis a pergunta que nos devemos fazer: também nós temos grandes visões? Somos também nós audazes? O nosso sonho voa alto? O zelo nos devora (cf. Salmo 69,10)? Ou somos medíocres e nos contentamos com as nossa programações apostólicas de laboratório? Recordemos sempre: a força da Igreja não habita nela mesma e na sua capacidade organizativa, mas se esconde nas águas profundas de Deus. E estas águas agitam os nossos desejos e os desejos alargam o coração. É o que dizia Santo Agostinho: "Rezar para desejar e desejar para alargar o coração". Precisamente nos desejos que Fabro podia discernir a voz de Deus. Sem desejos não se vai a nenhuma parte e é por isto que é preciso oferecer os próprios desejos ao Senhor. (...)
Penso neste momento na tentação, que talvez nós tenhamos e que tantos têm, de ligar o anúncio do Evangelho com porretadas inquisitoriais, de condenação. Não. O Evangelho se anuncia com doçura, com fraternidade, com amor."
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