Aquarela: Benjamin Phillips
Isaac Palma, de novo, no Ide por toda a Web - vimos no Pensando cá com nossos botões
Deus está e sempre estará para além de nós, para além de nossa linguagem e de nossa compreensão. Enquanto continuarmos achando que poderemos conter Deus em nossas ideias, estaremos sempre impedindo que Deus seja encontrado na pluralidade das ideias e na diversidade da vida. As nossas ideias de Deus sempre são construções históricas e culturais, Deus pode ser absoluto, mas justamente por Ele ser absoluto, nossas ideias jamais serão absolutas, como dizia Richard Shaull : “Se Deus é Absoluto, tudo o mais é questionável” incluindo nossas idéias sobre Deus. Precisamos entender a nossa limitação em compreendê-lo para então encontra-lo nos outros.
Toda ideia de Deus deve ser questionada, toda ideia de Deus deve ser considerada. Deus tem muitas faces e nenhuma delas é dEle. Deus tem muitos nomes mas se seu verdadeiro nome não pode ser pronunciado. E nisso está seu mistério, a sua beleza. Deus é um constante refazer da história, que cria a partir da palavra um novo mundo.
A radicalidade do monoteísmo foi mal compreendida durante os séculos, o monoteísmo supera a lógica da disputa entre as religiões, já não há espaço para as disputas dos deuses, se Deus é um só todo o esforço para encontra-lo faz parte de um só movimento. Se Deus é um só Ele é Deus de toda a humanidade.
A Face de Deus é a face de toda a humanidade é a face de cada um. Mas principalmente a face de Deus é a face dos que sofrem. Deus não é só Europeu ou Americano, ele não é somente branco, e heterossexual Deus não é só Cristão. Deus é indio, Deus está na floresta na tristeza de um povo que perde seu espaço para o “Desenvolvimento”. Deus é Afro-descendente, Ele está no tambor na alegria da canção, no suor do trabalho incansável daqueles que são explorados com a legitimidade da religião. Deus é um menino pobre nas margens da sociedade que sua unica opção é roubar daqueles que roubaram antes dele. Deus é Palestino, lutando pela libertação do seu povo. Deus é Deusa, é uma mulher oprimida por uma sociedade machista. Deus é um homossexual, que foi expulso de casa e pensa em dar fim a sua própria vida. Deus é um travesti que vende seu próprio corpo para se manter vivo. Deus é um homem sonhador que andou nas periferias do mundo amando aqueles que ninguém quer amar e por isso foi crucificado na Cruz da história na esquina de qualquer lugar, e pede para aqueles que querem encontra-lo procurarem nos crucificados da história naqueles que sofrem a dor sobre-humana, e soam o sangue que pulsa do Seu coração, é com esses que Deus partilha Seu Pão.
Que assim possamos entender, e viver o mistério comum, que nos oprimidos e nas oprimidas possamos encontrar o Servo Sofredor de Isaias. E se Ele é vento que sopra onde quer, que possamos senti-lo ao invés de tentar conte-lo, que possamos vive-lo e experimenta-lo no centro da vida, e nas margens do mundo junto dos excluídos que é lá onde ele preferiu ficar junto dos pequeninos daqueles que não podem dar nada em troca, e entenderam o verdadeiro sentido da Sua Graça que abraça o mundo inteiro a cada manhã.
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Equipe Diversidade Católica