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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ser gay e ser católico: sobre a inclusão dos gays na Igreja


Nosso post de ontem gerou um debate muito prolífico nos comentários. Reproduzimos aqui nossas considerações a respeito, por ser um tema de crucial importância para nós e a razão de ser mesma do Diversidade Católica:

Acreditamos firmemente na incondicionalidade do amor de Deus por cada um de seus filhos. Acreditamos também que a Boa Nova de Cristo foi, sim, que Ele veio para todos, sem distinção, e que a todos ama igualmente. Acreditamos que Cristo veio também para os excluídos, para os oprimidos, para os incompreendidos, para os perseguidos por serem aquilo que são.

Acreditamos na Santa Igreja Católica - a qual é não apenas o Magistério (a hierarquia do Papa e dos bispos), mas sim o corpo do povo de Deus que crê em Jesus Cristo e procura viver de acordo com Ele. Acreditamos que as posições do Magistério no decorrer de dois mil anos de história já passaram por inúmeras transformações e estão em constante mudança. E é preciso que seja assim, porque a revelação de Deus para nós se dá ao longo da História.

Esclarecemos que a posição oficial do Vaticano hoje, tal como expressa no Catecismo da Igreja Católica, não é de que a homossexualidade deve ser "combatida"; pelo contrário, a Igreja reconhece que os homossexuais foram criados por Deus tal como são e "devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta" (Catecismo da Igreja Católica, 2358).

Do mesmo modo, a Igreja tampouco atribui ao papa ou à hierarquia do clero a primazia de detentores da Verdade. Com efeito, desde o Concílio Vaticano II e tal como expresso também no Catecismo da Igreja, esta reconhece o primado da consciência individual em sua relação com Deus.

O Vaticano II reconhece que cada ser humano deve antepor qualquer dever ou lei à sua própria consciência. “A consciência é o núcleo mais secreto e o sacrário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser”, diz o parágrafo 16 da Constituição Dogmática Gaudium et Spes.

O documento citado indica que a mediação plena para a ação do homem é a sua consciência. Obedecer à consciência é o que se pode fazer de melhor para agradar a Deus.

Para quem quiser se aprofundar no tema, indicamos a leitura das perguntas frequentes no nosso site -sobretudo a resposta a "Se a Igreja condena a homossexualidade, como é possível uma pessoa gay ser católica?".

Caso você tenha qualquer dúvida ou divergência e queira conversar, caro leitor, será sempre bem-vindo para uma saudável troca de idéias. Acreditamos que só com respeito às diferenças, tolerância e diálogo fraterno podemos efetivamente crescer no amor de Deus e cumprir a missão de ajudar na construção do Reino do Pai, que é também de cada um de nós.

Nosso forte e caloroso abraço.

Equipe Diversidade Católica

8 comentários:

  1. Ah!, eu sou católica praticante, ministro junto a Pastoral da Criança (heterossexual - casada há 24 anos e dois filhos) - só para constar. E, reafirmo, achei o post lindo, rewspeitoso e delicado.

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  2. Que bom que você gostou, Lourdes. Seja muito bem-vinda e volte sempre! :-)

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  3. Lourdes,

    como é bom ler seu comentário.
    Principalmente sabendo que vc é atuante na igreja.
    Mais uma vez, seja bem-vinda...e estavamos aí!

    A paz!

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  4. Simplesmente apaixonante! Eu não conseguiria sintetizar de melhor maneira as razões da minha fé à luz da minha dupla identidade, católica e gay! Parabéns!

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  5. Obrigada, Mrcel... :-))) Mas quem te conhece sabe que vc seria capaz, sim. rsrsrsrsrsrs Bjs!

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  6. O texto contém verdades fundamentais, como o respeito a todos, sem distinção.
    Mas é necessário deixar claro que a Igreja Católica não condena o homossexual em si, mas sim a prática homossexual (vide Catecismo). Isto é, a Igreja ensina que a relação sexual homossexual não é correta.
    Além disso, o Magistério da Igreja tem sim o autoridade de definir verdades de fé, pois Jesus entregou as chaves dos céus e da terra para o primeiro Papa, São Pedro.

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  7. Sem dúvida, Diego. Mas também é verdade que a Igreja muda ao longo do tempo, a fim de manter-se em diálogo com o modo como as questões fundamentais do ser humano se traduzem a cada momento da história. A esse respeito, dê uma olhada no nosso post intitulado "Nosso testemunho". Um abraço!

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Equipe Diversidade Católica