Compartilhamos com vocês este relato de Lance Bass, do N'Sync, em post publicado no Huffington Post e traduzido para o português por Marcio Caparica para o Lado Bi.
Por anos eles tiveram que lidar com os olhares acusadores e as lamentações constantes de amigos e estranhos, como se eu tivesse morrido. “Eu sinto muito, vocês estão em nossas orações.”
Meus pais não gostam de criar caso e evitam todo tipo de atenção. Por anos eles procuraram educar a si mesmos discretamente sobre seu filho e a comunidade LGBT, como adultos responsáveis. Minha mãe (...) decidiu ir contra sua personalidade pacífica e fazer com que sua comunidade soubesse exatamente o que eles estavam fazendo com ela.
Numa carta aberta e honesta para sua igreja, ela sugeriu como que os verdadeiros cristãos deveriam agir com relação à comunidade LGBT. Essa carta foi tão bem recebida que uma outra igreja local a convidou para discursar em sua congregação, já que acreditavam que era hora de dar início a um diálogo sobre isso dentro da igreja. A transcrição desse discurso segue abaixo. Eu estou muito orgulhoso de minha família, principalmente minha mãe, por causa da maneira como ela agiu nesse período tão confuso de sua vida. Para mim, ela representa os cristãos verdadeiros, e a crença da maioria dos cristãos do país hoje em dia.
(...) Eu vim aqui compartilhar meu testemunho. Por favor entendam que eu NÃO estou aqui para discutir a questão da homossexualidade. Eu nunca faria isso porque eu não tenho todas as respostas e provavelmente jamais as terei nessa vida. A Bíblia alerta contra os ensinamentos falsos, e eu jamais diria qualquer coisa que poderia possivelmente se passar por um ensinamento enganoso. No entanto, há coisas que eu sinto que devo compartilhar, que eu sei sem sombra de dúvida serem verdadeiras, e eu as dividirei com vocês hoje a noite.
Em primeiro lugar, vocês precisam saber que eu sou batista desde que nasci. (...) Nós somos uma família cristã com raízes enterradas profundamente na igreja e nos ensinamentos da Bíblia.
Há sete anos nós descobrimos que Lance é gay. Nós fomos totalmente pegos de surpresa e ficamos arrasados, porque nunca jamais suspeitamos disso. E, também, como foi um ato tão público, a situação foi muito mais difícil para nossa família. Eu não quero me debruçar sobre os detalhes íntimos dessa revelação, mas eu vou lhes dizer que a primeira coisa que eu fiz ao saber foi cair de joelhos e me perguntar: “O que Jesus faria?”. Eu soube a resposta quase que imediatamente… Amar meu filho. E é isso que eu tenho feito. Em nenhum momento eu pensei em virar minhas costas para ele. Nem por um instante eu senti vergonha ou constrangimento. Meus sentimentos eram mais de tristeza e pura decepção com a vida.
Se você acredita que ser gay é uma opção, então tudo mais que eu vou dizer aqui não vai fazer diferença para você. Não sei porque, mas mesmo sendo uma cristã fervorosa, eu pessoalmente nunca acreditei que ser gay era uma opção. Eu nunca conheci muitos gays, mas eu sentia compaixão por aqueles que conhecia, porque podia reconhecer a dor que sentiam, e meu coração ficava muito tocado por eles. Mesmo nunca acreditando que Lance decidiu ser gay, eu não aceitei isso com a mesma facilidade que meu marido. “As coisas são como são”, foi sua atitude. A minha foi “Sim, as coisas são como são, mas Deus é capaz de operar milagres, então eu vou implorar por um milagre que fulmine Lance e faça com que ele se torne heterossexual!”. E eu fiz isso mesmo. Eu continuava amando meu filho, eu o apoiava, e o defendia, mas por muitos anos eu continuei a orar incessantemente por um milagre.
Bem, o Lance continua sendo gay. No entanto, um milagre realmente aconteceu. Só não foi o milagre pelo qual eu tanto orei. Você está presenciando este milagre nesse momento, nessa noite. O milagre foi que eu aprendi a ter um amor e compaixão incondicionais por meu filho e outros indivíduos da comunidade gay. Eu não participo de paradas ou faço discursos em convenções, mas eu sinto sim que Deus me guiou para que eu discutisse o papel da igreja nessa questão. Meu filho é cristão e deseja participar do culto, mas não sente que a igreja se importa com ele, e acredita que foi praticamente descartado como crente. Há algo muito errado nessa atitude, e eu tenho que levantar a voz em prol do meu filho e de outros que se encontram na mesma situação. (...) meu coração me diz agora que o jeito que a igreja trata aqueles que são gays também não está certo.
Eu poderia relatar para vocês inúmeras histórias que os jovens gays me contaram sobre como que os ditos cristão tratam eles, mas vou apresentar apenas uma. Um desses jovens me disse que estava em busca de Deus e visitou uma grande igreja num domingo de Páscoa. Ele estava usufruindo de uma cerimônia belíssima e sentia-se muito envolvido na experiência.
Todos estavam de pé cantando um hino, e quando ele se sentou havia um bilhete sobre sua cadeira. Nele estava escrito “Você sabe que você vai para o inferno”. Ele me disse que nunca mais foi à igreja. (...)
A pessoa que escreveu esse bilhete deveria levar em conta essas advertências. Jesus diz em Lucas 6:37 “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados”. Jesus está nos mostrando que não há como levar alguém até Ele se nós os estamos julgando e condenando.
(...) Eu acredito com todo o coração que Jesus diria a todos os cristãos gays que eles pertencem a Ele e que Ele os ama incondicionalmente. Jesus diz em João 10:27-28 “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão”.
(...) Minha passagem predileta sempre foi “Deus é nosso refúgio e nossa força, mostrou-se nosso amparo nas tribulações” (Salmos 46:1). Eu verdadeiramente encontrei refúgio no Senhor, mas infelizmente devo dizer que não encontrei refúgio na minha igreja. Nem eu, nem Lance, nem tantos outros cristãos como ele que querem ser amados e aceitados num mundo que pode ser tão cruel e cheio de ódio. Eu ainda frequento a igreja, mas admito que faço isso com o coração pesaroso, e cheia de ansiedade. Se eu me sinto assim por ser a mãe de um filho gay, vocês conseguem imaginar a ansiedade que sente um gay quando se senta numa igreja? Repito, há algo muito errado nisso.Para ler o texto na íntegra, confira o post no Lado Bi.
(...) Eu rogo para que possamos todos tentar ter uma atitude como a de Cristo enquanto estamos nessa terra. Nós, como cristãos, devemos deixar o Espírito Santo nos guiar para que encontremos maneiras de alcançar a todos, não importando nossas diferenças, porque eu realmente acredito que essa é a coisa certa a se fazer. Estou convencida de que é o que Jesus faria.
Obrigada a todos por permitirem que eu compartilhasse isso com vocês, e que Deus os abençoe.
Diane Bass
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