Confesso que os atores serviram como um chamariz a mais. Dentre as miríades de tipos que me despertam o interesse, há um lugar especial para os barbudos, adoro-os. É o caso dos dois no filme. Um ainda é pescador: aquela wibe rústica, torso bronzeado ao sol, corpo trabalhado nas labutas ao mar... aiai.
Contracorrente fica no limiar entre o óbvio, sem fugir muito do esquema previsto e o surpreendente, porque o faz a partir de elementos inusitados. Confesso que o acontecimento que dá o mote à obra me deixou bem irritado quando o entendi, mas depois ele surge como metáfora maravilhosa para os amores no armário.
É um alívio e uma situação muito confortável para milhares de homens e mulheres que curtem o mesmo sexo, manter um estilo de vida socialmente aprovado e domesticar o desejo, deixando-o escondido ou vivê-lo em escapadelas, em hiatos, em breves momentos nos quais se pensa poder suspender sua inserção social, seu papel, sua identidade conquistada diante dos outros e realizar então o interdito desejo às margens, na penumbra esquizofrênica entre o que arde em nós e quem nos permitimos ser.
Não gosto de moralismos, mas acho mesmo que, de uma forma ou de outra, é assumindo em alguma instância o que se é, discreta ou corajosamente, que vai se naturalizando questões como a da homossexualidade. Às vezes para a nossa realização e para que outros encontrem mais espaço e possam respirar mais livremente sendo quem são é preciso mesmo nadar contracorrente.
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Equipe Diversidade Católica